Histórias de assombrações, fantasmas e espíritos

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Mal-assombrada e "túmulo" de brasileiros; conheça La Bombonera
27 de junho de 2012  20h43  atualizado em 28 de junho de 2012 às 22h58

Bombonera recebe a partida de ida da decisão da Libertadores. Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press
Bombonera recebe a partida de ida da decisão da Libertadores
Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press
DIEGO GARCIA
Direto de Buenos Aires (Argentina)
"Não ando sozinho aqui à noite nem que me amarrem". Foi assim que um dos funcionários de La Bombonera, lendário Estádio do Club Atlético Boca Juniors, definiu seu sentimento nos intervalos que compreendem uma e outra partida da equipe, quando a mística "cancha" dos xeneizes permanece deserta. Nesses dias, a multidão enlouquecida dá lugar a vultos, cânticos viram estranhos ruídos, abraços são trocados por calafrios, paixão se transforma em pavor e craques dão lugar a... "Acho que são fantasmas". É isso mesmo: La Bombonera é mal-assombrada.
"Algumas coisas estranhas acontecem aqui de noite. Escuto ruídos... Já vi alguns vultos também. Uma vez juro ter visto um homem vestido de azul correndo em direção ao portão 17 com os braços erguidos, mas era madrugada... Não olhei mais para aquela direção", disse um dos vigias do estádio, que preferiu não divulgar seu nome. "É comum escutarmos passos vindos das arquibancadas também", acrescentou outro, que ouvia a conversa com a reportagem.
A lenda das assombrações em La Bombonera já é antiga. Há quatro anos, por exemplo, o jornal argentinoOlé divulgou reportagem sobre suposta presença de espíritos no estádio, com depoimentos de funcionários do Boca jurando de pés juntos terem visto com seus próprios olhos diversas aparições quiméricas no local: um homem de camisa branca que assombra o setor L, uma noiva em lamúrias, um garoto de bermudas, sapatos brancos e camiseta azul... Os mais variados tipos de espectros rondam a mística "cancha" do Boca nos dias de solidão.
Diante do mito, alguns torcedores do clube até tentam dar uma explicação racional: "as cinzas de muitos xeneizes fanáticos mortos são atiradas aqui no campo, e seus espíritos continuam torcendo pelo Boca", disse um deles ao Terra. "É normal que tenhamos fantasmas. Aqui é o túmulo de todos os times que nos visitam", provocou outro, certamente se lembrando também de diversos clubes brasileiros que vieram a La Bombonera e sucumbiram contra o igualmente temível Boca Juniors.
Brasileiros têm histórico de "mortes" no estádio
Se considerarmos o histórico dos times brasileiros que visitam o estádio dos xeneizes, a coisa fica realmente assustadora. São 37 confrontos em jogos válidos por torneios oficiais da Conmebol, com 21 derrotas, 10 empates e apenas seis vitórias - de Internacional, Fluminense, Santos, Cruzeiro, São Paulo e Paysandu. O Boca ainda marcou 69 gols e sofreu 35, tendo derrotado equipes do País em 13 duelos mata-mata na Bombonera.
"A Bombonera é um estádio que tem uma mística especial. O torcedor fica muito próximo, mas a essência é ficar concentrado no jogo, focando-se nessa situação. No Pacaembu é assim também, na Vila Belmiro é assim: o equilíbrio emocional se foca no confronto", analisou o técnico Tite. "O time do Boca Juniors é muito forte aqui, mas temos condições de fazer uma boa partida em Buenos Aires", acrescentou Alex, justamente um dos carrascos do Boca no estádio.
"Me lembro do gol sim, foi um gol decisivo para nós. Fiz dois no Brasil no Beira-Rio e depois vim para cá e fiz mais um. Foi muito especial, estava um jogo nervoso e consegui marcar, mas é uma lembrança que deve ficar no passado", definiu o meia, se lembrando do tento marcado nas quartas de final da Copa Sul-Americana de 2008, quando ajudou o Inter a vencer por 2 a 1. "Agora é hora de deixar o passado lá atrás e fazer um novo futuro, agora aqui no Corinthians", disse.
Mais sobre a "terrível" La Bombonera
O lendário estádio dos xeneizes foi inaugurado em 25 de maio de 1940, em partida amistosa contra o San Lorenzo, vencida pelos donos da casa por 2 a 0, com Ricardo Alarcón marcando o primeiro gol da história. Com o passar dos anos, o Boca foi ganhando força em seus domínios e construindo sua soberania na Bombonera com títulos e vitórias impiedosas contra seus visitantes. Aos poucos, nascia a lenda.
Conta o mito, também, que o arquiteto que desenhou o estádio - o iugoslavo Vcitorio Sulsic - ganhou uma caixa de bombons de presente e, quando a abriu, se surpreendeu com a forma do objeto. Assim decidiu construir a casa do Boca Juniors, que só ganhou um nome oficial em 1986, ocasião em que virou Estádio Camilo Cichero. Mudou novamente a alcunha em 27 de dezembro de 2000 homenageando o ex-presidente Alberto J. Armando, que hoje nomeia o local.
A mística da Bombonera também tem uma frase famosa, que define o sentimento daqueles que a visitam. "La Bombonera não treme, pulsa. Pulsa no compasso dos corações azuis e ouro, que todos os domingos sofrem, riem e choram por essa paixão inigualável". Porém, o duelo de ida da decisão da Copa Libertadores não é em um domingo, e dizem que, nos demais dias da semana, a mal-assombrada e fantasmagórica La Bombonera não pulsa, treme. Assim espera o Corinthians nesta quarta-feira.

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